Nós Computadores – Museu Virtual – Missão

Considerando a computação como expressão inerente ao aparecimento do homem, com todas as tecnologias desenvolvidas ao longo do tempo da língua à palavra escrita, passando por toda a espécie de meios geométricos e aritméticos de calculo, até chegar ao supercomputador que transportamos hoje no bolso, sob a forma de telemóvel portátil a informática tem sido responsável pela maior expressão mundial de lixo, consequência de um rápido processo de obsolescência que a aceleração no progresso da inovação tem causado. Os benefícios desse processo estarão na circulação global de capitais, no enriquecimento de umas tantas empresas e cidadãos, mas também e sobretudo, diluindo-se na qualificação da vida da sociedade, sob a forma de incremento para a educação, trabalho, saúde, comunicação, diversão e arte; ou seja na valorização da vida humana. A finalidade da produção temporária de lixo é o benefício na vida de cada indivíduo socialmente agregado pelas redes de comunicação.

 

Há hoje uma evidente simbiose entre o orgânico e o inorgânico operada pelas redes de computadores, que a complexidade e simplicidade dos formigueiros poderão ilustrar.

 

As formigas são comunidades hiperorganizadas e híper-funcionais em que o interesse individual é sacrificado pelo benefício do grupo.

 

Fazem-no, naturalmente, por que não podem fazer de outro modo: é da sua condição fazê-lo. Mas quando as observamos em conjunto, percepcionamos uma inteligência coletiva composta por milhões de neurónios individuais (sujeitos ao imperativo da feromona que a formiga rainha administra) mas que permitem à colmeia, no seu todo, tomar decisões de sobrevivência, apropriando-se do meio por fluxos de carreiras de prospecção, dimensionadas pela oportunidade da necessidade.

 

Este aspecto tem sido referido na cibercultura como inteligência colectiva (Pierre Levy) e / ou inteligência conectiva (Derick Kerkove), referindo-se à ultima fase do evolução da técnica pela projeção da rede neuronal humana à escala planetária. Há um cérebro que pensa coletiva ou conectivamente, durante as 24 horas de cada dia, formado pelos milhões de unidades de processamento ligadas em rede e distribuídas por toda a superfície da Terra. O tagarelar de imagens, palavras, objetos e ideias que aí se processam, são a mais fiel imagem do Homem.

 

Talvez por isso, o estado da arte na produção de conhecimento liderada pelas engenharias, seja caraterizada pela biónica. A par da biónica da engenharia (biotecnologia que me pareceu defendida por José Tribolet), identificamos a inovação e integração social da gestão e o meta-discurso (ou metáfora) da arte, que procura em cada unidade de tempo, encontrar novos significados para qualificação da vida.

 

Apesar da tecnologia ter sido inventada para o conforto e liberdade humana, a verdade é que também tem contribuído para um controlo social sem comparação na História, criando relações de dependência, subjugação à máquina e consequentemente de alienação de que muitos poucos indivíduos terão consciência.

 

Heidegger, já depois do seu arrependimento pela participação ativa na híper-funcionalização fascista da Alemanha, distancia-se da tecnologia observando que na essência da máquina encontramos o homem, mas na essência do homem não há nada de mecânico. A tecnologia que está na origem do homem, promove o esquecimento do homem pelo ser. Nasce daqui uma dimensão moral que fará com que Heidegger eleja a poética como revelação da verdade, necessária ao reencontro do Homem com o ser.

 

Olhando para o progresso das máquinas, verificamos paradoxalmente que o computador se humanizou para artificializar o Homem (naturalização da técnica). Hoje já nenhum homem sobreviveria sem tecnologia. Não há Homens naturais toda a humanidade é artificial desde que inventou a linguagem. Mas o que importará não é a tecnologia, que rapidamente se arcaíza, mas o benefício com que favorece a vida.